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Mostrando postagens de junho, 2021

32. Madrugada

O frio toca a pele por pequenos calafrios. Morcegos a vaguear entre as árvores, iluminados de quando em quando pela luz de poste aceso. O som de carros que trafegam à distância. Tudo está quieto. Eco de silêncios. Ainda é noite. E faz um tempo que é noite aqui dentro. Acho que estou deprimido de novo. E faz um tempo que deixei que isso fosse um impedimento. Apagar, pouco a pouco, qualquer traço de afetações, do riso ao toque, do medo ao cheiro de flor. Faz um tempo que me perdi. Não sei o que faço ou por que o faço. Há algo que se desprendeu daqui. Não falo de alguém, mas do que sou, do que era, fui ou almejei um dia ser. Um punhado de palavras que segurei e escorregaram entre os dedos, antes de irem com o vento, ou vieram dunas, ou foram ao chão e choveu. Era lama. Tem lama em meus sapatos e eles entram em casa. Só queria saber chorar, mas nem a isso me presto. Há algo de estranho na hora que passa pelo relógio e não me leva. Como os ponteiros que são levados, é a vida que leva. Acho