Perguntastes, ontem, a impressão primeira de ti. Não sou dos que alocam as pessoas em bloquinhos de contenção, rotulam uma classificação e sentenciam “isso” ou “aquilo”. Deixo-as livres para serem o que quiserem. Amo a linguagem, mas palavras se servem apenas para potencializar. Rachar cada uma delas para extrair dali essências, perfumar o dia com ares outros. Agraciar a preciosidade da vida em um agradecimento, em uma oportunidade de se estabelecer no mundo enquanto possível, enquanto real. Um perfume que é seu, por isso precioso, único. Palavras são instrumentos para erguer pontes entre os universos carregados dentro de cada um de nós. Conjurar cada estrela que ilumina a noite de nossos corações, mistificar jardins por flores, um poema preso no peito e escandido na extensão de um olhar, por um movimento, por um sentir. Encantos da caminhada por entre as florestas de ti e para ti. Voos alçados ao desfazer cada uma dessas limitações em uma potência, em um seguir adiante. Céu estendido do teu peito a um horizonte sem fim. E você é de infinito. Talvez seja essa a impressão primeira de ti: infinitude. Pássaro. Em verdade, revoar deles. Gravidade que empurra ao chão em um impulso, um devir. Em ti, isso é ainda mais profundo. Em uma praia, as pessoas pensam, veem e fantasiam o mar. Arrebol. Além. O que se esconde, oceano a cada onda. O que se traz a próxima. Segredos reditos todas as vezes em que toca a areia. Um silêncio eloquente. Diz sem precisar dizer. Reluz. O vento constante. Alívio. De longe, balança a copa de árvore que, mesmo presa ao chão, se alegra pelo balançar de suas folhas. Felicidade de detalhes. Não requer descrições, dizeres. Fugir pelas tangentes, um estar para o mundo e ser o mundo. E por isso belo, intenso. Sei que carregas um oceano, cheio de profundezas e segredos. Conseguintes, tu, navegar entre os abismos que te fragmentam e, vez por outra, ainda tentam se apossar de ti. Ao contrário da imposição, a vida te ofereceu com cada um deles possibilidades. Artista de ti, – ou melhor – artesão de ti, recria cada um de teus dias com um brilho teu, que é só teu, que é único. És todo em tudo. E isso é maravilhoso. É por isso que não são requeridas palavras para, em uma impressão, te dizer, mas sagacidade para, nos segredos reditos por silêncios, reconhecer em teu olhar o infinito. O horizonte desta tarde.
Lenda baleada pela segunda-feira Apossado de qualquer trocado para ir à locadora, sempre via um ou outro pôster da franquia Halloween . Ouvi toda a discografia da banda homônima - que por sinal emocionou demais na adolescência - antes de assistir aos filmes. E foi uma boa escolha. Terminei hoje à tarde os dois primeiros. No fundo, excluído o desejo homicida, eu sou o protagonista. Amo quando passo horas e horas a observar o mundo, o movimento das pessoas, o ritmo do que se leva e do que é levado. Em silêncio, diluir as inquietações pelo revés do olhar. As intensidades que colorem a mesmice da vida desembocando como cachoeira para dentro de mim. Desfocar o significado do que se vê. Apenas sentir. Ou, quem sabe, de canto a outro, imergir no que é desintegrado. No que está desintegrando. Ruínas de histórias. Um novo enredo que é levantado. O jeito com que ele apagou toda a subjetividade para, aguardando em hiatos, lançar o que restou pelas sombras. Beber da imortalidade. Anunciar a lucide
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