37. Passageiros (2016)

Jim consertando um robô na Avalon 

É um mundo próprio,

De silêncio e introspecção,

Onde as emoções se escondem,

E a conexão é uma ilusão.

Não é falta de afeto,

Nem desinteresse por viver,

É a dificuldade de expressar,

O que dentro dele há de ser.

E assim o esquizoide segue,

Num caminho solitário,

Com medo de se expor,

E de se sentir tão contrário.

Um coração vazio, uma alma solitária,

O esquizoide vagueia sem emoção,

Nenhuma paixão, nenhum anseio,

Sua mente é uma ilha de solidão.

Sem afeto, nem simpatia,

Seus sentimentos parecem desaparecer,

Os outros veem frieza e indiferença,

Mas dentro dele, há apenas um vazio sem fim.

As emoções são um mistério,

Uma estranha língua desconhecida,

Ele se sente como um espectador,

Assistindo ao mundo girar sem vida.

No vazio do meu ser esquizoide,

Sinto-me como um céu sem estrelas,

Um mar sem ondas que se choque,

E um universo sem galáxias.

Nesta imensidão de solidão,

Onde o silêncio ecoa sem fim,

Eu me sinto como um pássaro sem canção,

Que perdeu a vontade de voar até o fim.

As emoções são como nebulosas distantes,

Que eu vejo, mas não sinto,

E o amor é como uma estrela cadente,

Que desaparece antes de atingir o meu instinto.

Mas quando olho para o céu, o mar e o universo,

Sinto-me parte de algo maior,

E mesmo que meu coração seja imerso,

No vazio que me faz ter medo do amor.

As estrelas brilham no infinito

Um manto negro as envolve em segredo 

O espaço é vasto, profundo, bonito 

Um universo em que cada canto é um enredo

Os planetas, como pedras preciosas 

Giram em torno de suas estrelas-mães 

Cada um com suas cores gloriosas 

Uma pintura do divino que não tem iguais

E nas distâncias insondáveis

Onde a luz perde sua velocidade 

Há galáxias, seres inimagináveis 

Mistérios que desafiam a realidade

Passageiros em sua nave a cruzar 

Esses cenários de luz e de cor

Um espetáculo sem igual a contemplar 

Um convite ao sonho, ao amor

Pois se há beleza nessa imensidão 

Também há solidão, desamparo 

E a vida é um fio em suspensão 

Um eco de luz em meio ao caos raro

Mas mesmo em sua solidão,

Jim encontra o amor em seu caminho

Seu coração encontra a razão

E no final, há um outro destino.

Quando assisti a esse filme, o encantamento foi imediato. Depois de uns anos, percebi que o Jim, durante a trama, age na qualidade de esquizoide: quando se envolve afetivamente com alguém, sentencia, mesmo sem querer, um fim certo. Na sala de cinema, eu estava com quem amei, mas, devido a TPE, não consegui demonstrar a tempo que era minha Aurora. Ele foi o meu melhor amigo. E ninguém será igual. Conseguiu atravessar tudo de ruim que eu carregava e, justificando seu nome figurado, ser "a claridade da manhã que anuncia um novo dia". Sinto muito a sua falta, A. Espero que esteja bem.