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38. Blade Runner 2049 (2017)

"K" & "Joi" ("Key, enjoy...")

Solidão, sentimento tão humano,
Mas também presente em androide,
K, personagem de Blade Runner 2049,
Busca em si, o despertar do sentimento.

O distanciamento é seu escudo, proteção,
Parede invisível, que o mantém seguro,
De um mundo frio, sem emoção,
Que o trata como objeto, sem afago.

K busca entender, sentir,
A solidão humana em sua jornada,
E, em busca de sua humanidade,
Questiona-se sobre sua existência.

Joi é seu guia, um brilho singular,
Iluminando a jornada do androide,
Mas sua busca o leva a lugares sombrios,
Onde a verdade é escassa, desafiando-o.

Encontrando conexões improváveis,
Percebendo que a solidão é uma verdade,
E que há sempre um caminho, complexo e improvável,
Em um mundo futurista e sombrio.

A personalidade esquizoide é sua armadura,
Protegendo-o da dor e distanciando-o,
Mas K descobre uma vida lá fora, uma aventura,
E que há sentimentos a serem vividos, sem frio.

Assim como K, a pessoa esquizoide,
Busca encontrar um lugar no mundo,
Que as aceite com suas diferenças,
E permita viver em paz consigo mesmas.

No final, K e a pessoa esquizoide,
Encontram em si mesmos o caminho,
Para se libertarem da solidão,
E, assim, viverem suas vidas em plenitude.

A solidão não é exclusiva dos humanos,
E permeia toda a vida,
Conduzindo-nos à busca por nosso lugar,
No mundo complexo e incerto que vivemos.

Blade Runner 2049 é um filme intenso,
Com personagens profundos e complexos,
E K nos mostra que a solidão é um reflexo,
E que sempre há um caminho, ainda que adverso.

Toda vez que pausei o filme, a tela parecia uma obra de arte. Ele é arrastado e, ao mesmo tempo, intenso. Ele é mórbido e, ao mesmo tempo, vívido. É como se, por fora, o espectador devorasse o mundo com os olhos, ou enjoasse do que vê, se encantasse com o que brilha. E, finalizado, não fizesse diferença alguma. Não sei qual o intuito do enredo, o que os envolvidos com a adaptação quiseram repassar, mas, no meu sentir, ele aponta da busca de "K" por "Joi". Não me refiro a conexão entre eles, mas o que está escondido no jogo de palavras: "K, enjoy" ("K, aprecie"). Chave. Também pode ser chave. Chave para um portal ou entendimento subjacente, o qual escapa de quem se perde em tantos detalhes. E ele é rico em detalhes. Eu me sinto como o "K", meio robô, meio humano. Em uma procura por sentimentos e, por todas as tangentes, deles alheado. "R, enjoy" ("R, aprecie"). E eu estou, eu estou.

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